A RUA DA MINHA INFÂNCIA
Rua da minha infância
Quanta saudade deixou em mim
Dos quintais enormes
Dos pomares, das hortas
Desse amor sem fim
Das hortênsias, rosas, dálias
Da calçada de pedra, do sabiá
Do cheiro de terra molhada
Do velho pé de manacá...
Rua da minha infância
Onde no passado tanto andei
De poeira, lama, pedras antigas
Onde tantas vezes brinquei
A pedra grande na calçada
Onde sentávamos a noite
História e estória contada
Pela avó Iaiá tão amada...
Quanta saudade eu sinto da rua da minha infância
Das brincadeiras traquinas
Das alegres vozes de crianças
Na casa velha da esquina...
Quanta saudade eu sinto da rua da minha infância
De andar livre
Correndo, sorrindo, chorando, cantando
Colegas, amigos e primos
Todos se respeitando...
Quanta saudade eu sinto da rua da minha infância
As casas acolhedoras, tia Cirila na janela
A comida árabe de Regina de Samuel
O jardim florido de Dita com a sempre-viva amarela
Quanta saudade eu sinto da rua da minha infância
Onde nasci, brinquei, sorri, chorei
De onde fui embora e não mais voltei...
Ah minha rua, na minha memória o passado voltou
Meu coração despertou
Rua querida da minha infância
Na antiga calçada de pedra
Nem o meu nome ficou...
Rua da minha infância
Hoje seu cenário mudou, tão diferente, eu sei, é o progresso
A saudade em mim reverencia a rua onde tantas vezes eu sorri
Rua querida da minha infância
Que pena que eu cresci.
Carmen Castro Mariz - 2004
Rua Visconde de Porto Seguro - Formosa - GO