"Quando trazemos à tona nossas memórias afetivas estamos elaborando e compreendendo experiências carregadas de afetos do nosso passado e que se depositaram, no fundo da alma, sendo dolorosas ou não fazem parte da edificação do nosso ser".
MEMORIALALMAMEMORIAL ALMA
quarta-feira, agosto 21, 2013
MEMORIALALMAMEMORIALALMA
"Quando trazemos à tona nossas
memórias afetivas estamos elaborando e compreendendo experiências carregadas de
afetos do nosso passado e que se depositaram, no fundo da alma, sendo dolorosas
ou não fazem parte da edificação do nosso ser".
O manacá faz
parte da minha história, aliás, não só da minha, mas de tantos outros, pessoas
anônimas ou não. Certa vez, li sobre Tarsila do Amaral e sua predileção por
essa planta, onde ela relembra com saudade os seus passeios realizados no
interior de Minas Gerais. Posteriormente, ela utilizou em seus trabalhos as
cores de suas flores em telas como Manacá e outros. A flor do manacá tem o
seguinte ciclo: nasce roxo escuro, depois adquire um tom lilás e termina com o
branco. Possui um agradável perfume. Resolvi plantá-lo em homenagem à minha
avó. Decidi que fosse necessariamente um da mesma espécie daquele existente em
sua casa (brunfelsia uniflora, manacá-de-cheiro ou manacá inglês) no interior
de Goiás. Demorou muito tempo para realizar esse meu desejo, mas, a muda, presente
de uma amiga querida, fez-me contente, ajudando-me a concretizar um sonho
antigo. Hoje, o meu jardim possui oito pés de manacá. Todos os anos, apesar de
ainda jovens, produzem um grande número de flores e atrai uma espécie de
borboleta a qual me intrigava, mas também coloria e alegrava os espaços lúdicos
da minha infância. Hoje, entendo o elo que há entre a planta e a borboleta e
embora, perceba diariamente muitas folhas devoradas não interfiro na
reciprocidade de ambos, calmamente observo a libertação do casulo e o voo livre
da borboleta colorida a enfeitar o espaço aéreo do jardim. O manacá na
abundância e singeleza de suas flores continua encantando os meus olhos e
serenando meu espírito, como se fizesse entre mim e o infinito a ponte de
encontro para os olhos da alma, acalentando as lembranças vivas na minha
memória. O manacá tem embalado com perfume os dias amargos que permeia o meu
viver telúrico e mostra-me no ciclo das cores de suas flores o ciclo da vida: o
nascer, o viver e o morrer. Hoje, as suas flores enfeitam os lugares por onde
ando... O seu significado para mim é de uma grandeza sem tamanho e vivê-lo em
sua plenitude faz parte do meu caminhar onde tento administrar com humildade as
minhas escolhas e o meu merecimento.
Cacá Manacá
2006 – Um ano de dor, de despedida, de reparação, de muito ajuste interior e,
sobretudo, de muita aceitação.
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